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  • Foto do escritorRebeca Gorender

Física Quântica

Atualizado: 18 de mai. de 2019

Com os anos a gente vai entendendo certas questões que a gente sempre achou que já entendesse. Sobre o tempo no respirar das relações. Sobre o papel da mãe, do pai e como eles não devem ser nossos modelos constantes na vida (falar é fácil, difícil é quebrar essa corrente. Pro bem e pro mal). Sobre as relações com namorados e principalmente com os amigos... Sobre nossa órbita e o equilíbrio ao lembrar que somos um pontinho na imensidão do universo.

Eu pelo menos fui me dando conta disso de uns 10 anos pra cá. Sobre o coração quebrado é um aprendizado mais precoce, mas quando adolescente, sempre tinha uns papos cabeça com meus amigos e achava que sabia das coisas. Grande conselheira eu era. Hoje em dia olho aquela Rebeca e penso: “Ô gente… dá até ternura.” Não tinha idéia do que me aguardava. Aprendi que o tempo realmente tudo supera, mas nem sempre com a expectativa alinhada. Que perdão é mais que uma vontade de perdoar e esse mesmo tempo tem muito a ver. Às vezes não. “Eu nunca faria” são apenas palavras. Tudo, tudo pode acontecer e você repetidamente se pega fazendo coisas que jurou de pés juntos que nunca, nunquinha.


Eu sou muito boa em ler pessoas, e talvez por isso todo mundo achava ótimo na hora de receber essas avaliações precipitadas. Hoje em dia eu vou dar uma opinião sobre questões pessoais e na mesma hora já introduzo com: “provavelmente estou equivocada”.

Acontece que esse lance com essa dimensão, esse conceito do passar das horas, dos dias e muitas vezes das décadas, me tem colocado constantemente em contato com um sentimento de laços desfeitos, ansiosos por serem refeitos. A fotografia tem esse poder sobre a gente de romper com as barreiras do universo da ciência. Talvez todo esse papo de viagem no tempo, deve ter sido baseado no poder que uma imagem, que uma memória, um cheiro tem sobre a gente. Fotografia é coisa de física quântica e o pessoal ainda tenta explicar com buracos de minhoca.

A questão é que essa linha do tempo que segue a cronologia da minha vida, me colocou diante de fotografias nos últimos anos que me alimentaram desejos de reconstruções. Às vezes não são nem sobre relações desfeitas querendo ser refeitas… É só da mudança de sentimentos e os laços dentro da gente mesmo. Uma psicóloga uma vez me disse sobre uma pessoa importante pra mim e as memória que eu tenho: “Se você não tem as memórias que você precisa para fortalecer o vínculo, você vai ter que criar elas.” Aquilo martelou anos na minha cabeça. Como? E aí num passe de mágica a fotografia cumpriu esse papel do criar. Como num aniversário de 3 anos, que eu tenho certeza que eu lembro mas acontece que a memória é em sépia.

E aí tem os álbuns da família. A gente acha que conheceu até a tataravó, e escuta sobre a personalidade e pensa: “Mas é claro… que varenikes que a tata fazia!” Os Hd’s, com aquelas fotos de viagens, de vidas passadas dentro da sua e o pensamento ao se olhar mais jovem é: “Gente, que pitel! Como é que eu não via isso?” E com aqueles amigos/amores que foram ficando no caminho, a gente se pergunta como deixou acontecer, com tanto sentimento bom envolvido. Mas é o tempo que faz a gente maturar nosso barril de vinho no peito. Foto e memória boa ficam mais gostosas depois de dar uma envelhecida.

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